domingo, 25 de outubro de 2015

RESENHA DO LIVRO: Eu, Christiane F., Treze Anos, Drogada e Prostituída

Vivendo a vida vivida...

Só pode ser brincadeira a pergunta que fazem a Christiane a respeito dela ser um exemplo para a juventude... Assumindo que fez (e provavelmente continua fazendo até os dias de hoje) tudo conscientemente ela acaba por entregar a falta de forças, ainda que tivesse pessoas para a apoiar contra o vício das drogas e seus males. 

Por certo a sociedade se mostra despreparada para muitos aspectos com relações aos jovens. A fase da adolescência é a fase da descoberta - não mais os fetiches e inocências infantis, e a preparação para o futuro que a fase adulta possa lhe reservar. 
Identificamos o despreparo dos pais de Christiane, mas mais grave do que eles, o mundo a sua volta e o descaso dos demais, incluindo autoridades, quanto as necessidades das crianças e jovens. Os pais, com a infância e adolescência sofrida, descontam sua falta de cuidado em sua prole e assim segue como em um ciclo vicioso, sem perspectivas. No entanto, devemos levar em consideração a respeito de uma Alemanha que sofria os arrasos que a segunda guerra mundial havia lhe causado, na verdade muitas dificuldades eles enfrentam até hoje devido ao humilhante e aterrador governo ditador sofrido no III Reich. Mas, quem dera que isso só existisse em um local isolado...

Parece inimaginável que uma, praticamente, criança tenha se sujeitado a tanto pela necessidade de se enturmar e, logo, de fugir de sua realidade - estimular a mente e depois suprimí-la. 

Não sei se estamos mais bem preparados atualmente, mas casos como o de Christiane, ouso dizer, não cessou. Sua "biografia" apenas nos mostra uma pessoa que não sabia o que era viver, que parecia agir apenas de forma automática, utilizando do Sistema Nervoso Autônomo, ou também conhecido como "Vegetativo", sem conhecer da vivacidade e da voluntariedade que a vida pode proporcionar. 

Vários de seus colegas faleceram (antes dos 20 anos) e ela pouco mostrou-se afetada (provavelmente, efeito dos estimulantes). Tentou se reabilitar por muitas vezes, mas sem sucesso em nenhuma. Relatou nunca ter deixado as drogas e não conseguiu se manter em um emprego fixo, nem permanecendo em um mesmo local por muito tempo. 

Contudo, as medidas preventivas foram liberadas e tratadas com afinco, mas o que fazer para alguém que ainda sofre as consequências de uma "vida" hiper e hipo estimulada? Resta pensarmos em mais medidas e termos consciência de que precisamos cuidar uns dos outros... E quando falo em "cuidar", refiro-me a tratar como um ser humano o que o é de fato: somos carentes, somos dependentes dos demais, somos rosas com espinhos, somos capazes de coisas extraordinariamente boas e ruins, somos seres pensantes, somos seres amantes e mais, muito mais... Resta-nos entendermos que, no fundo, somos todos iguais e que a vida, que não é fácil de ser vivida, é a melhor e única forma de nos expressarmos e que o melhor a se fazer, é escolhermos as coisas boas, a fim de não nos prejudicarmos, levando os adjacentes conosco; e por fim, tendo de recorrer a uma sociedade despreparada...


~ Lia Cordeiro

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